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Botox capilar e escova progressiva são parecidos? Entenda as diferenças

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Imagem: Getty Images

Paula Roschel

Colaboração para Universa

27/08/2018 04h00

O botox capilar é um tratamento que entrou em cena depois da escova progressiva virar alvo de polêmicas envolvendo formol. Tido como mais brando na hora de alisar, ele promete cabelos com aspecto natural. Mas, para especialistas, o botox capilar nada mais é do que uma progressiva disfarçada com outro nome comercial e feito, inclusive, de forma similar ao original e controverso tratamento, inclusive em relação aos ativos envolvidos -- incluindo o formol.

Para Joah Mendes, hairstylist da equipe de Romeu Felipe, a técnica é apenas mais do mesmo: “Botox Capilar é mais uma das inúmeras nomenclaturas que criaram para fugir da simples progressiva. Existem apenas quatro ativos no mercado que alisam: amônia, hidróxido de sódio, guanidina e formol. Não há outra forma de alinhar o fio. Então botox, selagem ou alinhamento térmico são nomenclaturas diferentes para o formol como princípio ativo”, explica.

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Segundo informação oficial da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), o formol é permitido em cosméticos apenas na função de conservante, com limite máximo de uso permitido em 0,2% (Resolução 162/01) e como agente endurecedor de unhas, com limite máximo de uso permitido em 5% (Resolução 215/05). O uso do formol com a finalidade de alisar os cabelos não é permitido na legislação sanitária.

Tais nomes comerciais que confundem muita gente também são levantados pelo cabeleireiro Wanderley Nunes : “Escova inteligente, escova chocolate ou goma alisante são nomes usados em produtos fabricados em empresas de fundo de quintal que podem até dar resultado, mas que são totalmente perigosos para a saúde, colocando até vidas em risco. Muitas vezes, eles cobram caro e competem com grandes e sérias empresas que gastam milhões em pesquisas científicas e criam produtos com base nesses estudos.  Me admiro muito quando vejo mulheres inteligentes que usam produtos de péssima qualidade nos cabelos, que nem são registrados na ANVISA e ainda recomendam para as amigas”, enfatiza.

Formol oculto

Sonia Corazza, engenheira química especializada em Cosmetologia, comenta que danos químicos e térmicos ao cabelo são, teoricamente, menores no ‘botox capilar’ do que nas escovas progressivas, mas que isso também depende da fórmula utilizada, o que muitas vezes é complexo de ser analisado por consumidores e cabeleireiros. Ela também explica que o formol pode se fazer presente de forma oculta: “Existem produtos sem formol, mas que, quando aquecidos, liberam a substância; caso dos com ácido glioxílico”, alerta.

A especialista ainda revela que aumentar a hidratação dos fios não faz com que sua fibra fique mais lisa, como muitos salões vendem sendo o trunfo do ‘botox capilar’:

“A reestruturação  parcial  do fio de cabelo e, por conseguinte, a menor porosidade só é possível com aminoácidos seriados de alta tecnologia, como os vetorizados de última geração. Quando você observa um cabelo submetido ao ‘botox capilar’, com fórmulas comuns de mercado, a superfície parece de um fio sintético (cabelo de boneca), pois a cutícula é achatada pela ação térmica. Por mais que a primeira impressão seja de um fio brilhante e lustroso, este cabelo perdeu água, ceramida e aminoácidos e está sofrendo um processo de afinamento e perda de suas características vitais. Ao longo do tempo ficará ressecado, sem maleabilidade e sem resistência,” conclui Sonia.

Sem milagres

Os especialistas concordam, portanto, que não existe um produto que realinha cem por centro a fibra de forma natural, sem química; mas para Joah há a possibilidade de ter o cabelo mais domado - e não alisado - apenas com cronograma capilar: “Ele devolve o que o cabelo perde; seja em hidratação, nutrição ou massa. Além disso, o secador é a melhor opção - por ocasionar menos danos estruturais - para alisar os fios, sabendo que é obrigatório usar protetor térmico para protegê-los”, finaliza.