Babaca, virilha e mais: 10 palavras curiosas que tem origem sexual

Ao longo dos séculos, diversos vocábulos surgiram relacionados ao sexo e às obscenidades, mas perderam seu sentido com o passar do tempo. A seguir, conheça alguns desses exemplos, que hoje não passam de palavras incapazes de chocar alguém, ou ofender a moral e o pudor.

Bacana

Atualmente, essa palavra é aplicada para se referir a alguém ou algo agradável, simpático, ou com certo status social. Já a teoria que explica sua relação com a sexualidade defende que a raiz desse vocábulo remonta à Roma Antiga, onde era realizado o bacanal, festa libertina em honra a Baco, deus do vinho. Bacana, portanto, seria o termo para as mulheres que faziam parte dessas orgias.

Aporrinhar

Desde o final do século 19, essa palavra consta no dicionário como importunar e aborrecer. Mas sua origem vem da palavra porra, que vulgarmente é associada com esperma e também serviu de fonte de inspiração para os vocábulos porrada, porra-louca e esporro, que perderam a conotação sexual ao longo do tempo. Curiosamente, até o século 15, porra significava apenas "porrete ou arma cuja ponta é redonda".

Pentelhar

O mesmo que importunar, aborrecer. No século 18, essa palavra era vulgarmente associada a pentear os pelos púbicos dos órgãos sexuais tanto do homem como da mulher, os pentelhos. Embora, no Brasil, o termo e suas derivações tenham perdido o caráter ofensivo e até se reinventaram, em Portugal ainda são considerados palavrões sujeitos à censura.

Virilha

Se no século presente ela corresponde à área interna da junção das coxas ao tronco, no passado, mais precisamente durante a Idade Média, representava a região genital masculina. O termo vem do latim virilia, que se refere a vir, viri (homem). Porém, com o passar dos séculos, a palavra perdeu seu sentido masculino e hoje também diz respeito às mulheres.

Recuar

Você já deve ter ouvido essa palavra mais comumente nos filmes de guerra ou de aventura e que quer dizer andar para trás, ou retroceder diante de um inimigo ou uma ameaça. Porém, o termo não tem nada de atual e vem do latim "reculare", do século 16, e que significa literalmente fazer andar com o ânus ("culu", em latim) para trás.

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Cocotinha

A partir dos anos 1970, essa gíria ganhou popularidade e as jovens que eram chamadas assim sabiam que eram bonitas, delicadas e se destacavam por onde passavam. Na mesma época, também surgiu a calça jeans cocota, que era afunilada ou justa à canela. Porém, no século 19, o termo francês "cocotte" era empregado para indicar prostitutas.

Esculhambar

Equivale a criticar severamente, desmoralizar, ou ridicularizar alguém. Quanto às ascendências do termo, os estudiosos consideram duas prováveis. A primeira está relacionada à palavra colhão, ou testículos, e esculhambar teria o sentido de ferir os testículos de tanto "cavalgar". Já a segunda versão, bem vulgar e oriunda de ânus, propõe arrebentar as nádegas a pancadas.

Babaca

Esse termo cabe a alguém bobo ou tolo. Quanto à sua origem, não há um consenso. Alguns linguistas acreditam que proceda de babaquara (do tupi, aquele que nada sabe). Porém, babaca também fazia parte do vocabulário dos escravizados africanos, como sinônimo chulo de vagina. Já para Horácio de Almeida, que foi presidente da Academia Carioca de Letras do Brasil, babaquice deriva do latim e reflete "o gosto de focinhar a babaca", ou a vagina.

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Loba

Na Roma Antiga, essa palavra ("lupa", em latim) era usada para designar prostitutas. Tanto que lupanar, ainda hoje presente no dicionário português, significa bordel ou casa de prostituição. De acordo com o escritor Corrado Augias, em seu livro "I segreti di Roma" (Os Segredos de Roma) é até muito provável que os gêmeos Rômulo e Remo, personagens da mitologia romana, tenham sido criados por uma prostituta e não por uma fêmea de lobo.

Coitado

Sinônimo de uma pessoa digna de pena, coitado, por décadas, foi erroneamente confundido como alguém submetido ao coito (ato sexual). Porém, não é verdade. A palavra coitado vem do verbo arcaico coitar, que é o mesmo que desgraçar. A confusão teria sido feita por antigos, que associavam coito à dor e aflição, especialmente em um passado onde mulheres solteiras que perdiam a virgindade antes do casamento eram vistas como desgraçadas, ou "coitadas".

Fontes: Livro "Com a Língua de Fora", de Luiz Costa Pereira Junior; "Novo Dicionário Banto do Brasil", de Nei Lopes; "Dicionário de Termos Eróticos e Afins", de Horácio de Almeida; "Dicionário Caldas Aulete", de António Lopes dos Santos Valente e Caldas Aulete; "Grande Dicionário da Língua Portuguesa", José Pedro Machado; "O Dicionário Unesp do Português Contemporâneo"; "Novo Dicionário do Calão", de Afonso Praça; "Grande Dicionário Etimológico Prosódico da Língua Portuguesa", de Francisco da Silveira

*Com matéria publicada em 05/08/2019

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