Topo

9 mitos sobre relacionamentos para deixar de acreditar

Mitos em relacionamentos - iStock
Mitos em relacionamentos Imagem: iStock

Heloísa Noronha

Colaboração com Universa

02/08/2018 04h00

É difícil se livrar de algumas crenças sobre relacionamentos. Para ter uma vida afetiva mais saudável e livre, porém, que tal abrir mão de certas convicções ultrapassadas, como as listadas a seguir?

Veja também

1. Você vai saber quem é a pessoa "certa" assim que bater os olhos nela

Muito da atratividade entre as pessoas está nos traços da personalidade, na visão de mundo, no estilo de vida e nas formas de interação e de intimidade. "Ou seja, é impossível identificar a maioria dessas características quando se bate o olho em alguém. Identificar a pessoa certa requer o mínimo de convívio", fala Luciano Passianotto, psicoterapeuta e terapeuta de casal, de São Paulo (SP). É claro que o encantamento instantâneo pode acontecer, mas trata-se de atração física. "Não conte apenas com o poder dessa química; a convivência é importante para provar ou não o amor à primeira vista", opina Triana Portal, psicóloga clínica e terapeuta de casal, de São Paulo (SP).

2. Fingir desinteresse atrai interesse

"Foi-se o tempo dessa crença!", afirma a terapeuta e coaching Lissandra Cristine Bassi, de São Paulo (SP). "Hoje, com a correria do dia a dia, muitas pessoas não estão nem um pouco dispostas a investir em quem não demonstra interesse. Um bom exemplo é o número crescente de homens e mulheres que buscam seus pares em redes sociais e sites de relacionamentos", completa. É óbvio que a dificuldade pode ser encarada como um desafio atraente, mas depois que o romance engatar há o risco de perder a graça e até de o jogo se inverter. Outro perigo é a pessoa se cansar de joguinhos e desistir ou sequer desejar insistir em alguém que não lhe corresponde.

3. Mostre apenas o seu melhor lado no início

"Se há algo que qualquer processo terapêutico vai tentar explicar que não funciona é o ato de começar um relacionamento ocultando seu lado considerado negativo", afirma Poema Ribeiro, psicóloga e sexóloga, de São Paulo (SP). Segundo ela, relações são misteriosas: não há garantia de que par tenha a mesma opinião sobre as características que você acha ruins. Às vezes, elas justamente complementam algo que falta no outro. "Use o bom senso: não precisa elencar todos os seus defeitos e parecer a negatividade em pessoa, mas evite criar um personagem de conto de fadas para conquistar alguém", fala Triana.

4. Os opostos se atraem

Nem sempre. Quando o casal é muito igual, a relação pode ficar monótona. Porém, conviver 100% do tempo à base de discordâncias é bem exaustivo. A longo prazo, mesmo as pequenas diferenças costumam somatizar grandes desgastes no dia a dia. "É melhor estar com quem você tem mais afinidades e se parece mais. As chances do relacionamento dar certo aumentam significantemente", conta Triana.

5. Ciúme é prova de amor

Esse é talvez um dos maiores mitos, segundo o terapeuta de casal Luciano. "Algumas pessoas podem se sentir lisonjeadas sabendo que de alguma forma 'mexem' com a cabeça do outro, mas isso não é uma prova de amor. Ciúme costuma ser um sentimento egocêntrico de apego, que em nada tem a ver com as expectativas e o bem-estar do par", informa. O ciúme é um perigo mortal quando começa a atrapalhar a relação interferindo na liberdade do outro, constrangendo e, pior, criando situações embaraçosas e brigas constantes. Isso é sinal de insegurança, desequilíbrio e baixa autoestima.

6. Não é bom falar sobre ex nos primeiros encontros

Mencionar um relacionamento importante, que fez parte da sua história, ou citar um ex, para ilustrar melhor algo que está contando, não tem nada demais. "Falar sobre o ex nos primeiros encontros não deve ser um tabu, mas também é bom evitar exagerar no volume dessa conversa e, obviamente, evitar comparações, mesmo que a intenção seja a de elogiar", diz Luciano. O ideal é equilibrar o teor do papo.

7. A rotina sempre mata o relacionamento

Não, mesmo. Para os especialistas, um relacionamento sem rotina alguma é caótico, além de utópico. A rotina é necessária para a sensação de segurança e a diminuição do estresse do dia a dia, além de evitar a ansiedade e a montanha-russa de sentimentos que um cotidiano muito dinâmico provoca. "Se o casal está bem, o relacionamento evolui melhor quando há uma rotina", declara Triana. Para a terapeuta, são outras questões que vão correndo a relação, como falta de diálogo, competição, excesso de trabalho, problemas financeiros, divergências de objetivos, mágoas. "Se o relacionamento já está fragilizado, a rotina pode chamar a atenção para o problema, e fazer com que os envolvidos a apontem como responsável. Em contrapartida, uma vida mais movimentada costuma mascarar as insatisfações, criando uma falsa crença de que tudo vai bem", pondera.

8. Ter um filho une o casal

"Filho é um projeto do casal, e não deve ser colocado entre o casal e, sim, à frente dele", diz Lissandra. Filhos são um elo muito forte, mas levam a conflitos, a uma mudança no estilo de vida e a um impacto financeiro significativo. "Casais que não estão preparados e não conseguem digerir essa mudança podem, inclusive, se afastar", fala Luciano. Já Triana lembra que existe um alto índice de divórcios antes de o filho completar três anos e muitos especialistas apontam o estresse como um dos motivos. "A mulher foca na criança, um não tem mais tempo para o outro, não dormem direito, o sexo fica menos frequente, as responsabilidades aumentam. Pode ser que no passado filho segurasse casamento, hoje em dia, não mais", declara a psicóloga.

9. Morar junto antes de casar de fato é garantia de sucesso

Se um casal não conseguir resolver seus problemas debaixo de um mesmo teto, casados ou não, não há relacionamento que resista. Quando um casal experimenta ou opta por esse formato em cárater "teste", o que fica claro é que a relação é permeada por insegurança, medo do compromisso e incerteza sobre se querem realmente casar --das duas partes ou não. "Fazer 'degustação' de relação não garante nada", diz Triana.