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Eles se separaram, pelo menos, 3 vezes e garantem: vai ficar tudo bem!

Getty Images
Imagem: Getty Images

Beatriz Santos

Colaboração para Universa

31/07/2018 04h00

Estes quatro entrevistados não desistiram do amor depois da primeira separação. Nem depois da segunda ou terceira. Acabar um casamento não é fácil, a gente sabe, mas estas pessoas têm experiência no assunto e falam como superar este momento delicado e seguir em frente.

"O trauma acaba fazendo de você mais exigente"

“Eu me separei 3 vezes. A primeira foi por causa de violência doméstica, inclusive com ameaça de morte. Já a segunda e a terceira foram por traição. Os términos foram todos muito tensos, mas tenho uma cabeça boa. Eu mesma dei o xeque-mate neles, ao perceber que o relacionamento já estava esfriando e que havia outra pessoa na história. A visão de honestidade é muito diferente, muitos homens acham que ser honesto é estar ali provendo. Só que, para mim, a lealdade é mais importante. Quando estava com meu segundo marido, minhas filhas eram pré-adolescentes, então, para preservá-las, fiz com que a separação fosse a mais natural possível. Aprendi que o que faz você crescer nesses baques é olhar para dentro de si mesma, ver o que pode melhorar. É do fracasso que vem a experiência para você poder ter um relacionamento bom no futuro. Minha geração foi de mudança na vida da mulher. Eu não preciso sofrer porque tenho que ficar a vida inteira com alguém, como aconteceu com a minha mãe e o meu pai, que viveram 60 anos conturbados juntos. Separação é sempre muito traumática, mesmo, porque a cada situação é um sentimento diferente. O financeiro, muitas vezes é impactado com a separação, mas o que pega, mesmo, é o emocional. Mas você tem que vencer esta batalha. Viver sozinha é duro. Mas relacionamento não é uma coisa que você sai caçando, acontece naturalmente. O trauma acaba fazendo de você mais exigente, desconfiada, pois não quer passar por tudo aquilo outra vez. Hoje, estou caminhando para outro relacionamento e me sinto preenchida. A intenção é nos casarmos e ficarmos juntos para o resto da vida. Pensamos igual, nos ajudamos, somos companheiros. Ninguém embarca em um relacionamento pensando na separação, mas o medo existe, sim.” Elizabeth Almeida Gimenez, 65 anos, administradora e professora

Elizabeth Almeida Gimenez e o namorado - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Elizabeth Almeida Gimenez e o namorado
Imagem: Arquivo pessoal

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"Não vou me privar de me apaixonar"

“Foram cinco casamentos e quatro separações. Minha quarta mulher faleceu. É sempre doloroso se separar de alguém, porque dá um sentimento de frustração grande, ninguém casa esperando que vai se separar, então, quebrar esse plano é ruim. O único término complicado foi com a primeira, com quem fiquei quatro anos. Todos os outros foram pacíficos. Da terceira mulher eu não queria me separar, nem ela, mas já não conversávamos mais, o fim era necessário. Foi a decisão mais madura que já tomei. Depois dela, passei quase um ano sem ninguém. Aí, um amigo trouxe uma amiga aqui em casa, a Teresa, e nos demos superbem. Começamos a nos gostar e a namorar. Ficamos juntos até ela ter uma doença hereditária e falecer, após seis anos de união. Voltei a morar sozinho. Até que uma amiga de adolescência, a Janete, me ligou. Rolou um clima e ficamos juntos. Um ano depois, casamos. Depois de uns cinco anos a coisa também começou a desgastar e nos separamos sem drama, apenas não estávamos mais contentes. Eu quem saí de casa e aluguei um apartamento ali por perto. Porém, depois de um tempo, fui mandado embora e, sem conseguir arcar com as contas, voltei para o nosso apartamento e continuamos morando na mesma casa –até hoje. Atualmente, eu namoro a Roseane, que aceita bem o fato de eu morar com a minha ex-mulher, ela entende que minha situação financeira não me permite fazer de outra forma. Tenho achado que a melhor coisa para um relacionamento é isso, cada um no seu canto. Não significa que não exista amor e carinho, muito pelo contrário, existe tanto que estamos dispostos a viver assim e respeitar o espaço do outro sem precisarmos estar juntos sob um mesmo teto. Eu continuo achando que as pessoas têm que se relacionar, sim, e cada um com seu jeito de ser. Em momento algum vou querer ficar sozinho. Se um dia se separar da Roseane, não me vejo desistindo de ter relações nem nada, não vou me privar de me apaixonar.” João Theodoro de Castro Galhardo, jornalista, 56 anos.

"Hoje eu tenho outra perspectiva de vida"

“Nós mulheres somos criadas para termos filhos e sucesso na família, então, acabamos passando por relacionamentos abusivos sem nem percebermos, por idealizar tanto uma relação. Eu, por não ter tido um pai presente, lembro de olhar para a minha filha e chorar muito, porque o pai dela não estaria por perto. Isso faz a gente pensar muito antes de separar, porque não é mais só a sua dor, mas a do seu filho também. Eu me separei três vezes, todas fui eu quem pediu a separação. Para o pai da minha filha, meu terceiro marido, eu perguntei se ele queria ficar solteiro, já que nossa relação foi do amor ao ódio na mesma intensidade. Ele respondeu que sim. Meu amor próprio sempre falou mais alto, sou leonina. Vejo a separação como algo natural, mas não acho que ela pode ser banalizada. Conviver com qualquer pessoa, em qualquer esfera, é difícil, em um casamento não vai ser diferente. Penso que essa relação não pode me machucar, então, não tenho relações abusivas com ninguém, temos que pesar o que aceitamos ou não. Sempre é muito complicado um término e nós vivemos em uma sociedade onde não aprendemos a ficar sozinhos. E se sai melhor quem sabe lidar consigo mesmo, eu acredito. Eu tento sempre exercitar o amor próprio, mas, por mais segura que eu esteja, se vier a me separar outra vez também vai ser muito dolorido. Agora estou com o pai do meu segundo filho e está tudo maravilhoso. Separar outra vez, para mim, seria desafiador, porém, não tão difícil como nas outras vezes, até porque hoje eu tenho outra perspectiva de vida e uma estrutura que me permite me divorciar e seguir tranquila. Mas a sensação de que estou perdendo mais uma vez uma família seria inevitável.” Nerie Bento, 33 anos, relações públicas

"O que mais machuca é o ego ferido"

“Meu último e terceiro casamento foi recente, ainda estou em fase de separação. Moramos juntas dois anos e namorados quatro. Tem um mês que terminamos, mas ainda moramos juntas porque ela está procurando outra casa para se mudar. Estamos nessa fase, ela já está levando as coisas aos poucos embora. Dessa vez, não sei dizer um motivo só, mas acho que a convivência, a rotina, o dia a dia, aquela coisa de se preocupar mais com os compromissos diários do que com o relacionamento, sabe? Acabou prejudicando, eu quis terminar e ela concordou. Nessa vida acabei juntando um relacionamento no outro, sem um respiro entre eles. Acho que esse pode ter sido o maior dos problemas. Em todos as separações, o que mais machuca é o ego ferido, o orgulho. Claro que quando eu terminei, estava fazendo uma escolha, mas foi uma escolha difícil, porque a partir de então eu terei de enfrentar novas coisas sozinha, vou ter que mudar meu estilo de vida. Quando terminaram comigo, nas duas primeiras vezes, foi mais difícil, porque a gente não espera, não quer, então, aceitar é mais complicado. Fácil nunca vai ser, mas para ser menos complexo, acho que não podemos canalizar todas as energias ali sabe? Ficar remoendo o término, se sentindo mal por causa da pessoa. Isso é o que dificulta a superação. Talvez sejam essas situações que façam a gente crescer. O que me ajudou muito foi encontrar os amigos, sair de casa, ver pessoas, conversar, além de fazer terapia, que me fez entender muitas coisas minhas. Conversar com outras pessoas que já passaram pela mesma situação também é legal, é bom saber que elas estão bem hoje e que superaram. Outra sugestão é fazer coisas de que você gosta, como tocar um instrumento, fazer esporte, viajar… Dar-se momentos bons ajuda a encarar os ruins.” Pamela Emerich, 28 anos, estudante