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Integrantes do Pussy Riot podem passar 15 dias na prisão; entenda a invasão

Pussy Riot invadiu a final entre França e Croácia; integrante é arrastada para fora do campo - Odd Andersen/AFP
Pussy Riot invadiu a final entre França e Croácia; integrante é arrastada para fora do campo Imagem: Odd Andersen/AFP

da Universa, em São Paulo

16/07/2018 11h13

A final da Copa do Mundo entre França e Croácia, no estádio Luzhniki, em Moscou, foi interrompida neste domingo (15) por causa da invasão de campo por três mulheres, Nika Nikulshina, Olga Kurachyova e Olga Pakhtusova, em ato de protesto do grupo punk feminista russo Pussy Riot.

Além do trio, um homem, Pyotr Verzilov, marido de Nadezhda Tolokonnikova, outra ativista do grupo presa em 2012, era parte do grupo que adentrou o campo. A paralisação aconteceu aos 7 minutos do segundo tempo, com entrada no gramado por diferentes lados do gramado.

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Os invasores vestiam peças de roupas semelhantes às utilizadas pelos seguranças do estádio. Olga Kurachyova admitiu à Reuters, por telefone, a invasão e informou que o grupo estava detido em uma delegacia nas proximidades do estádio. 

Segundo o site da Diretoria Central Interna de Moscou, o grupo Pussy Riot será submetido às punições determinadas pelo artigo 20.31 do Código Administrativo, que regulamenta a conduta de espectadores durante as competições desportivas oficiais.

Eles ainda serão punidos de acordo também com o artigo 17.12, que qualifica a posse ilegal de uniformes com diferenças marcas, com os símbolos de organizações estatais militares, policiais ou autoridades reguladoras.

A primeira violação, que diz respeito à invasão, pode ser punida com até 20 mil rublos de multa (1.238 reais), além de detenção administrativa por até 15 dias. Eles ainda podem ser banidos de eventos esportivos por até 7 anos.

Já como punição para a segunda infração, eles podem receber uma multa de até 1.500 rublos, isto é, cerca de 93 reais. As informações são do site de notícias russo "MediaZona".

Ação foi organizada por uma semana

Segundo o jornal "Kommersant", os membros do grupo entraram no estádio com a ajuda de perucas e Fan IDs oficiais. A ação teria sido preparada por uma semana.

"Eu tive que pegar o passaporte de um fã para chegar ao estádio. Pressupõe-se que eles conseguiram se trocar no banheiro e colocarem os uniformes de polícia que trouxeram com eles, até que se aproximaram do campo tanto quanto era possível. Pyotr fez um corte de cabelo parecido com o de um policial e algumas das meninas usaram perucas para esconder a cor vibrante de seus cabelos", disse uma fonte presente no local ao jornal.

No YouTube, o grupo fez a sua declaração ao público explicando a motivação por trás do protesto:

A escolha da roupa seria uma crítica à postura da polícia russa. Na Copa, ainda segundo a nota do Pussy  Riot, os policiais "observaram cuidadosamente" as regras de convívio e "assistiram gentilmente" as multidões nas ruas do país. Mas, durante a rotina russa, "perseguem prisioneiros políticos" e mostram "desprezo pelas regras".

Integrante do Pussy Riot cumprimenta o jogador Kylian Mbappé, da França - Darren Staples/Reuters - Darren Staples/Reuters
Integrante do Pussy Riot cumprimenta o jogador Kylian Mbappé, da França
Imagem: Darren Staples/Reuters

O Pussy Riot pede a "liberdade de todos os presos políticos" e cita nominalmente o cineasta ucraniano Oleg Sentsov, em greve de fome há mais de 60 dias numa prisão russa. O grupo também pede o "fim das prisões aleatórias em protestos", da "fabricação de provas" contra opositores do governo e "permissão para oposição política" na Rússia.

Ao explicar o protesto, o grupo lembrou que neste domingo a morte de Dmitri Prigov, poeta dissidente nos tempos de URSS, completa 11 anos. Prigov, em suas obras, mencionava frequentemente a figura do "policial", uma representação do aparato repressivo do Estado soviético.

Nastya, Maria Alyokhina e Kyril Kanstansinau, do Pussy Riot, tocam em Hollywood, Califórnia, em março de 2017  - Valerie Macon/AFP - Valerie Macon/AFP
Nastya, Maria Alyokhina e Kyril Kanstansinau, do Pussy Riot, tocam em Hollywood, Califórnia, em março de 2017.
Imagem: Valerie Macon/AFP