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Criança e pré-adolescente pode usar maquiagem? Veja como amenizar os riscos

Tatiana Fanti deixa a filha, Madu, de 10 anos, usar rímel e blush - Arquivo Pessoal
Tatiana Fanti deixa a filha, Madu, de 10 anos, usar rímel e blush Imagem: Arquivo Pessoal

Talyta Vespa

Da Universa

12/07/2018 04h00

Desde que nasceu, há 10 anos, a pequena Madu tem contato com a vaidade da mãe, a relações públicas Tatiana Fanti, de 35 anos, que adora se emperiquitar. O interesse da pequena pela maquiagem surgiu quando ela tinha 3 anos. “A gente costumava brincar de se maquiar, e ela começou a pedir para usar os produtos no dia a dia aos 9 anos. A Madu gosta muito, mas não deixo que use com frequência. Os únicos produtos que ela passa todos os dias são rímel sem cor e blush”, diz a mãe.

O batom foi o primeiro produto que chamou a atenção da menina. Atualmente, ela tem um kit de make. “Nas coisinhas dela, tem rímel, blush, sombra, batom e até um protetor solar com cor. Mas esse eu só deixo ela usar às vezes, em festinhas, assim como a sombra e o batom, todos de cores claras”, diz Tatiana, que não se incomoda com a insistência da filha em usar maquiagem. “Quando eu era criança, também gostava. Acho que faz parte da vaidade, né?”.

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A maquiagem de Madu não é hipoalergênica, segundo Tatiana, o que pode ser um problema para a pele da criança de acordo com a dermatologista Helua  Gazi, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia. “Maquiagem não é recomendada para crianças porque a pele infantil é muito mais sensível. Esses produtos aumentam o risco de dermatite e reações alérgicas”, explica a especialista, que garante que quanto menos a criança fizer uso dos produtos, melhor.

“Antes dos 3 anos, o uso de maquiagem deve ser proibido. Dos 4 aos 8, a criança pode usar produtos hipoalergênicos às vezes, para brincar, desde que os pais ou responsáveis retirem o produto com água e sabonete neutro, para que não fique resíduo no rosto. A partir dos 9, ela pode usar no dia a dia, desde que esporadicamente", diz. 

A dermatologista Fabiana Prieto, membro da Academia Americana de Dermatologia, garante que até mesmo produtos hipoalergênicos ou infantis podem prejudicar a pele dos pequenos -- inclusive aqueles com aval da pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). “Os testes de maquiagem não são feitos em crianças, por isso nem mesmo os produtos especializados para peles frágeis conseguem garantir que elas não tenham reações alérgicas”, afirma.

Adultização precoce

Segundo a psicóloga e psicopedagoga Carla Salcedo, é natural que crianças se espelhem nos adultos com quem convivem e tentem copiá-los o tempo todo. No entanto, estimular comportamentos de “gente grande” pode ser um problema. “Quando a criança começa a ser adultizada cedo, querendo usar salto, arrumar o cabelo, passar maquiagem, ela pode desenvolver baixa autoestima e menor tolerância à frustração quando chegar na fase adulta”, alerta.

Além disso, de acordo com Carla, o excesso de chumbo e outros metais em crianças de idades entre 6 e 9 anos pode resultar em fadiga, insônia e dificuldade de concentração. Esses componentes podem estar presentes em produtos como bases, esmaltes e batons -- principalmente os mais coloridos, como rosa e marrom.