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'Não é para crianças': como 'Os Incríveis 2' debate temas importantes

Cena de "Os Incríveis 2" - Divulgação
Cena de "Os Incríveis 2" Imagem: Divulgação

Marcos Candido

Da Universa

07/07/2018 04h03

Nesta semana, o diretor e roteirista Brad Bird bateu boca na rede com fãs que disseram que “Os Incríveis 2”, lançado na última quinta (28), era ‘pesado demais’ para as crianças.

O questionamento tem fundamento: mais juvenil do que infantil, a sequência reforça discussões feitas no primeiro e acrescenta debates ainda mais atuais, como papéis desempenhado por homens e mulheres na sociedade. Brad concorda: "não é um filme para crianças". 

Em uma cena que prova essa discussão, a Mulher Elástica, ou Helena Pêra, insiste para que a colega Evelyn Deavor exija mais reconhecimento na empresa de seu irmão, outro personagem importante da trama. As duas sabem como as coisas funcionam: elas operam na ‘base’, enquanto eles ficam com os créditos.

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Invertendo papéis

Do outro lado, a história coloca Beto Pêra, Sr. Incrível pros íntimos, para cuidar das três crianças: Zezé, o bebê, Flecha, a criança, e Violeta Pêra, a adolescente. Enquanto ele toma conta, Mulher-Elástica recebe os holofotes como uma grande heroína e o marido se morde de inveja do sucesso da esposa.

O diretor faz a troca de papel para ensinar a Beto reconhecer o esforço e a dedicação da esposa para estimular o desenvolvimento saudável dos filhos.

Apresentando e contextualizando o esforço dela, é quase que impossível não estimular a empatia de quem assiste. É um arrojo interessante, que em tempos de bate-cabeça acirrado, se toma a saída mais ilustrativa e instigante possível.

Vale a pena? Vale!

O filme não coloca a mulher em um posto acima do homem, ou dá ao homem a palavra final e catedrática da situação. No fim das contas, conclui que a cooperação e a confiança nas qualidades do próximo é uma virtude a ser seguida. Até mesmo personagens secundários, como Void, trabalham para endossar essa conclusão.

Outro recado nas entrelinhas é que classificar animações da Pixar dos últimos tempos como “filmes de criança” é um grande equívoco. As fábulas, as histórias, os contos infantojuvenis são reflexões filtradas pelos adultos de seu tempo. O que “Os Incríveis 2” faz é seguir a tradição.

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