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Conheça mulheres que fogem dos padrões de idade e se orgulham disso

Leticia Rós e Carolina Prado

Colaboração para Universa

21/06/2018 04h00

Para elas, a idade não é um fator limitador, ao contrário: com a experiência adquirida, mais tempo livre e menos responsabilidades, essas quatro mulheres curtem a vida como nunca. Estão abertas para novas oportunidades, frequentam ambientes onde predominam os mais jovens e não têm a menor vergonha de ser feliz.

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“Deixo meu corpo à mostra, porque tenho corpo para isso”

Sonia Bagnariolli - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Imagem: Arquivo pessoal

“Sempre vivi aquela vida típica de mulher de marido aposentado, caseira, cuidando dos afazeres domésticos. Tinha minhas vontades, mas guardava para mim. Então, há cerca de dois anos resolvi me separar, mudar para a praia e fazer tudo o que eu queria de verdade. Eu me sinto um pássaro livre. Hoje, curto balada até às 4h da manhã, dançando a noite toda e, de dia, ainda jogo futevôlei. Tem uma pessoa com quem eu saio de vez em quando, para ir à praia, viajar, esse tipo de coisa. Mas morar junto com alguém, jamais! Além disso, tenho a autoestima alta, gosto de ser como sou, fiz tatuagem e deixo meu corpo à mostra, porque tenho corpo para isso. Tem gente que olha torto, sim, mas eu não me importo, porque as pessoas que me conhecem me admiram muito. Eu tenho muita energia e um alto-astral que contagia. Meu segredo é ter alegria de viver a vida que eu escolhi para mim.”
(Sonia Bagnariolli, 65 anos, artesã)

“Conheci as raves há dois anos e me apaixonei”

Lucimara Garcia - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Imagem: Arquivo pessoal

“Eu me casei grávida do meu primeiro filho, aos 19 anos. Depois, engravidei mais duas vezes. E fiquei 20 anos nesse relacionamento, abortei tudo o que gostava de fazer para me dedicar à família e aos filhos. Mas, depois de me separar, sinto que voltei a ter 20 anos novamente e tenho energia de uma mulher muito mais jovem. No começo da minha vida de solteira, fazia balada de segunda a segunda, ia direto das festas para o trabalho, sem dormir. Agora, estou mais equilibrada: tenho uma semana do lar e uma semana do bar. Adoro festa eletrônica, conheci as raves e os festivais há dois anos e me apaixonei. E curtir em rave é uma coisa que foge ao público da minha idade, sou sempre a tiazona nesses eventos, a mais velha da galera. Mas eu tenho pique de aguentar muito mais horas dançando do que os jovens. As pessoas, em geral, me acham estranha, por causa da rotina que eu tenho, com a minha idade, tem quem me chame de louca. Mas o que eu quero é viver muita coisa ainda e não vou deixar nenhuma pessoa me podar, não quero ser podada de mais nada.”
(Lucimara Garcia, 43 anos, desempregada)

“Fiz intercâmbio, esportes radicais e me casei. Tudo depois dos 50”

Sonia Bagnariolli - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Imagem: Arquivo pessoal

“Sempre fui muito decidida. Aos 15 anos, precisei da autorização dos meus pais para trabalhar em um banco –onde fiquei durante 38 anos e me aposentei no ano passado. Sem o compromisso com o trabalho, decidi me aventurar. Fiz intercâmbio este ano para fazer uma imersão na língua inglesa e aproveitei para conhecer a Disney, que era um sonho antigo meu. Também estou aproveitando para me divertir muito por aqui e já experimentei até alguns esportes radicais, como o parasail, com o meu marido –com quem me casei depois dos 50, porque acho que temos que nos dar sempre uma segunda chance. Agora, estou disposta a viver tudo o que for possível, sem me limitar em função da idade. Estou escrevendo um livro e sou pré-candidata à deputada estadual. Acredito que a idade está na mente, por isso, não consigo me enxergar como sendo uma mulher fora do padrão.”
(Sandra Aragão, 55 anos, economista)

“Aos 66 anos, toco no Brasil e no exterior”

Sonia Abreu - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Imagem: Arquivo pessoal

“Fui a primeira DJ mulher do Brasil e sempre trabalhei com música. Então, o preconceito não é algo novo para mim. Quando comecei, nos anos 60, mulher que trabalhava à noite não prestava. Agora, sofro um tipo de discriminação diferente, porque tenho 66 anos e continuo na área. Mas o meu lema, emprestado do Cazuza, é ‘quem tem um sonho não cansa’, e eu continuo batalhando. Ao mesmo tempo, já estou colhendo os frutos do que plantei. É claro que hoje levo uma vida regrada, pratico esporte, sou vegetariana há mais de 40 anos, durmo cedo e acordo bem cedo também, quando não estou trabalhando. Mas amo tocar na noite, quero tocar até morrer. Sou residente de uma casa badalada de São Paulo, a Casa 92, e viajo para o exterior para tocar também. Acabei de voltar de Miami. A música é o meu alimento, é a minha vida.”
(Sonia Maria Saraiva Santos Abreu, 66 anos, DJ e radialista)