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Jornalistas protestam contra assédio em jornal do Espírito Santo

Funcionárias do jornal "A Tribuna" protestam diante da empresa contra assédio. "Me respeite, só isso. #juntassomosmaisfortes #mexeucomumamexeucomtodas", diz o texto - Arquivo pessoal/ Rodrigo Gavini
Funcionárias do jornal "A Tribuna" protestam diante da empresa contra assédio. "Me respeite, só isso. #juntassomosmaisfortes #mexeucomumamexeucomtodas", diz o texto Imagem: Arquivo pessoal/ Rodrigo Gavini

da Universa

28/04/2018 14h18

Na sexta-feira (27), diversas funcionárias de "A Tribuna" protestaram no prédio do jornal, em Vitória (ES), contra assédio. Vestindo camisetas pretas, com o texto "Me respeite, só isso", elas se posicionavam contra o compartilhamento de fotos de uma das repórteres em um grupo de WhatsApp, composto exclusivamente por homens da empresa.

"Eu estava na praia com a minha família e compartilhei uma foto de biquíni no Instagram Stories. Um outro funcionário printou essa foto e jogou em um grupo de WhatsApp, que é usado para organizar 'peladas' da empresa, e tem cerca de 20 homens. Eles começaram a fazer comentários, cortaram as fotos e deram zoom nas minhas partes íntimas", contou a repórter, de 30 anos, à Universa. Com medo de retaliações, ela pediu para não ter o nome divulgado.

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Foi uma colega dela que ficou sabendo do que estava acontecendo no grupo e contou. "Eu fiquei muito chateada e chorei. É muito ruim quando você está numa empresa e se sente um pedaço de carne. É muito constrangedor".

Apoio das colegas estimulou manifestação 

A princípio, ela disse que não soube o que fazer, até que decidiu conversar com o departamento de recursos humanos da empresa. "Eles me deram total apoio e falaram com os diretores". Depois, ela disse que os editores e demais funcionários receberam advertências verbais.

Pouco depois, a repórter foi procurada pelo funcionário que fez o print de seu Stories, que lhe pediu desculpas. Ela conta que todos os homens do grupo dizem já ter apagado as mensagens e imagens e que ninguém as repassou para ela.

Ela começou a contar o caso para outras mulheres do jornal, que ficaram revoltadas. Surgiu, então, a ideia de fazer algo maior, para conscientizar os homens sobre o ocorrido.

Fizeram as camisetas e organizaram o ato no jornal, recebendo apoio de funcionárias da rádio e da TV do grupo, além de mulheres que trabalham em outros veículos de comunicação em Vitória.

Além da manifestação, a repórter abriu um boletim de ocorrência na delegacia de crimes digitais por calúnia e difamação. "Mesmo sem prints das mensagens, eles são testemunhas. Mas não sei em que pé está a investigação".

Ela diz que o apoio das colegas foi essencial para que decidisse tomar atitude. "Infelizmente a gente sabe que homens mandam fotos de mulheres em grupos do WhatsApp. Mas saber que um colega meu, que está na minha rede social pessoal, me expôs desse jeito, constrange muito".

"A Tribuna" foi procurada pela Universa e até o momento da publicação não se posicionou sobre o caso.