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#MeToo: Estilista da Chanel diz que "está cansado" das denúncias de assédio

Karl Lagerfeld, que está à frente da Chanel desde 1983 - Getty Images
Karl Lagerfeld, que está à frente da Chanel desde 1983
Imagem: Getty Images

da Universa, em São Paulo

14/04/2018 15h44

O diretor criativo da Chanel, uma das principais grifes de alta-costura e beleza do mundo, está cansado de ouvir falar no movimento #MeToo, que denuncia os assédios e abusos sexuais sofridos por mulheres no mundo todo.

Em entrevista à revista francesa "Numéro", Karl Lagerfeld duvidou da veracidade das alegações das sobreviventes.

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"Estou cansado disso... O que me choca mais é que todas essas estrelas levaram 20 anos para se lembrar do que aconteceu. Além disso, não há nenhuma testemunha de acusação". No entanto, o estilista fez questão de pontuar que "não suporta" Harvey Weinstein. 

O "kaiser" também nega veementemente que o #MeToo e a iniciativa "Time's Up" tenham tido qualquer influência sobre seu trabalho. "Li em algum lugar que agora você precisa perguntar a uma modelo se ela se sente confortável ao posar. É demais. De agora em diante, como estilista, você não pode fazer mais nada".

Karl ainda disse que não acredita em nenhuma das acusações de assédio feitas por modelos contra Karl Templer, diretor criativo da revista "Interview".

"Não acredito em uma só palavra disso. Uma garota reclamou que ele tentou abaixar as calças dela e ele é instantaneamente excomungado de uma profissão que, até então, o venerava. É inacreditável. Se você não quer que suas calças sejam abaixadas, não seja uma modelo. Entre para um convento, sempre haverá um lugar para você no convento. Eles estão recrutando até!".

O movimento #MeToo

Criado nos anos 80, o movimento #MeToo ressurgiu nas redes sociais em 2017. O que mudou? 

Depois que uma matéria do jornal "The New York Times" revelou em 5 de outubro que o produtor Harvey Weinstein, uma das figuras mais poderosas e influentes de Hollywood com seis Oscar de Melhor Filme no bolso pagou pelo silêncio de de suas vítimas por mais de duas décadas, outras mulheres de destaque resolveram contar suas histórias de assédio dentro da indústria.

Além disso, sobreviventes de assédio no mundo todo iniciaram uma conversa, através das redes sociais, sobre o estigma, o silêncio e a vergonha diante de uma forma de violência que havia se tornado cotidiana. Casos então passaram a surgir em todas as indústrias — e países. E a moda também foi atingida. 

Os fotógrafos Terry Richardson, Mario Testino e Bruce Weber foram banidos pela Condé Nast, casa editorial da Vogue e de outros títulos importantes do meio fashion. Figuras como Karl  Templer foram expostas em uma matéria importante do jornal "Boston Globe" e a Semana de Moda de Nova York abrigou um desfile em que modelos que já haviam sofrido assédio e abuso trouxeram suas histórias para a passarela. Desde então, executivos têm deixado marcas e grandes eventos têm reavaliado suas medidas de segurança em relação aos profissionais envolvidos.