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Todas as mensagens de Manuela D'Ávila, "a garota bonita" de Lula

A pré-candidata pelo PCdoB, Manuela D"Ávila - Reprodução/Instagram
A pré-candidata pelo PCdoB, Manuela D'Ávila Imagem: Reprodução/Instagram

Bárbara Tavares

Da Universa, em São Paulo

11/04/2018 08h09

"Gente, estou correndo entre a Assembleia e o velório de meu padrasto. Mas quero agradecer a tantas manifestações de carinho. Em tempos de tanto ódio é bom andar amado".

O texto em que a deputada federal Manuela D'Ávila (PCdoB) anunciou a morte do padrasto, ontem, nas suas redes sociais, trazia, além da delicada informação, uma mensagem política, como muitas que ela tem exibido, especialmente em suas roupas, nas últimas semanas. Quem não percebeu, por exemplo, a frase "Lute como uma garota", estampada na bolsa que ela usava no dia em que Lula permaneceu no Sindicato dos Metalúrgicos, antes de se entregar à polícia? A pré-candidata à presidência também já apareceu vestida com blusas que diziam “Meu corpo é político”, “Nossas ideias são à prova de balas" e "Feminismo é o contrário da solidão". 

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A tentativa de passar mensagens fortes, feministas e políticas com suas camisetas faz parte de uma construção de imagem muito maior à que a candidata tem se dedicado. E aparecer grudada no ex-presidente Lula é um dos pilares dessa construção. Manuela já viajou de Porto Alegre a Curitiba para protestar em frente à Polícia Federal, onde Lula está preso, planeja ir ao Uruguai e à Argentina, denunciar o que chama de perseguição política ao ex-presidente e tem feito vídeos diários em suas redes sociais falando de Lula. 

Horas antes de ser preso, em cima do caminhão de som, o ex-presidente agradeceu aos companheiros ali presentes e também à Manuela, "garota bonita, garota militante do PCdoB, que está fazendo a sua primeira experiência como candidata a presidenta da República”. Em outro momento, disse ter "orgulho de pertencer a uma geração que está no final, vendo nascer dois jovens disputando o direito de ser Presidente da República desse país”, em que se referia também a Guilherme Boulos, pré-candidato pelo PSOL.

O gigante.

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Para o consultor político Gaudêncio Torquato, a aproximação com Lula dificilmente transferirá a Manuela votos suficientes para levá-la a um segundo turno. A estratégia, para ele, é outra: “Ganhando uma candidatura de esquerda, os que ficaram ao lado de Lula certamente vão fazer parte da nova administração; por exemplo, com pastas em ministérios", diz Torquato. Outros especialistas acreditam que Manuela está apostando mais longe, talvez nas eleições de 2022. Já a deputada Luciana Santos, presidente do PCdoB, nega qualquer movimento com intenções eleitoreiras da colega: "Já havia um entendimento do partido de que não haveria outra ação que não se solidarizar com um fato tão injusto". 

Outras frases de efeito

"Deixa o Lula pra lá....prefiro você, deputada", escreveu um eleitor de Manuela em seu Facebook. Caetano Veloso, referindo-se à pré-candidata, chamou-a de "adorável", essa semana, em seu Instagram. No ano passado, ela apareceu na lista de supostos políticos que receberam dinheiro da Odebrecht - o que Manuela sempre negou - sob o pseudônimo de "Avião".

O fato de ser mulher, jovem e bonita dá margem ao que muitos analisaram como machismo contra a deputada. Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, Manuela disse que não se incomodou com o "garota bonita" de Lula: "Ele se referiu a mim como uma mulher que acredita na política e que pertence a uma geração que vai transformá-la". 

Manuela é formada em jornalismo. Ela é casada com o cantor, guitarrista e compositor gaúcho Duca Leindecker - que já abriu shows de Bob Dylan no Brasil, em 1992 - e, com ele, tem a filha Laura, de dois anos. A menina acompanhou Manuela em sua viagem a Curitiba e apareceu numa foto do Instagram da deputada, num parque, com uma camisetinha igual à da mãe: "Lute como uma garota".