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Com legalização em países ricos, número de abortos diminui no mundo

Protesto pró-aborto na Irlanda em setembro de 2017 - AFP
Protesto pró-aborto na Irlanda em setembro de 2017 Imagem: AFP

Da Universa

23/03/2018 17h11

As taxas de aborto recuaram de forma significativa nos entre 1990 e 2014, mas somente em países ricos onde a prática costuma ser legalizada. É o que conclui a instituição norte-americana Guttmacher Institute, especializada em direitos reprodutivos da mulher.

No estudo, os pesquisadores demonstram preocupação com os índices de abortos feitos sem segurança em países considerados em desenvolvimento, caso de Brasil e países da América Latina.

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Segundo o estudo, Caribe a América Latina possuem os maiores números de aborto no mundo, com um índice de 44 abortos a cada mil mulheres, seguido pela Ásia (36 a cada mil), África (34 a cada mil), Europa (29 a cada mil) e América do Norte (17 a cada mil).

No mundo, a proporção do número de abortos passou de 46 a cada mil mulheres para 27 a cada mil mulheres entre 1990 e 2014. Nos países em desenvolvimento, a queda foi discreta: de 39 abortos a cada mil mulheres em 1990 para 36 a cada mil em 2014.

Motivos

Os países que tiveram queda nas taxas de aborto apresentaram fatores socioeconômicos -- como acesso à contracepção, educação sexual e renda -- para a conseguir retrair dos números, diz o estudo.

A pesquisa destaca que o aborto ocorre em países ricos, onde a prática é regulamentada ou é realizado com restrições, e também em países menos desenvolvidos, onde é completamente proibido ou com barreiras legais mais severas. A instituição calcula que 56 milhões de mulheres realizaram aborto anualmente entre 2010 e 2014 no mundo.

“Restrições por lei não eliminam o aborto. Em vez disso, aumentam a probabilidade que abortos não sejam feitos de maneira segura por estimularem mulheres a buscar procedimentos clandestinos”, analisa o estudo. Segundo o levantamento, só em 2014 mais de 20 mil mulheres morreram devido a um aborto clandestino. 42% das mulheres em idade reprodutiva moram em países onde o aborto não é regulamentado, dizem os pesquisadores.

Uma em cada cinco brasileiras com até 40 anos já abortou, de acordo a Pesquisa Nacional do Aborto (PNA) divulgada em 2016. Em 2015, 1.300 mulheres arriscaram a vida para interromper uma gravidez ilegalmente no Brasil.