Governo de Botsuana recorrerá decisão que descriminalizou homossexualidade
O governo de Botsuana apresentará um recurso contra a decisão judicial da Corte Superior de Gaberone que descriminalizou as relações sexuais entre pessoas do mesmo sexo nesse país do sul da África, segundo um comunicado emitido nesta sexta-feira pelo procurador-geral.
"Li minuciosamente a sentença de 132 páginas e considero que o Tribunal Superior cometeu um erro ao chegar a esta conclusão", declarou na nota o principal assessor legal do governo, Abraham Keetshabe.
"Portanto, decidi apresentar uma apelação diante do Tribunal de Apelação", acrescentou Keetshabe.
No último dia 11 de junho, a Corte Superior de Gaberone considerou inconstitucionais dois artigos do Código Penal de Botsuana que criminalizam as práticas homossexuais consentidas entre adultos.
Esses artigos menosprezam o direito "à dignidade, à privacidade e à liberdade" e "são discriminatórios na prática", segundo declarou um dos três magistrados relatores do caso, Michael Leburu.
Os artigos fazem parte das seções 164 e 165 do Código Penal de Botsuana, aprovado em 1964 e que criminaliza o "conhecimento carnal contra natura" e "os atos indecentes entre pessoas", respectivamente.
Os litigantes tinham pedido a revisão da constitucionalidade das leis que criminalizam os atos sexuais entre pessoas do mesmo sexo em Botsuana e que castigavam com penas de até sete anos de prisão.
Os magistrados rejeitaram as alegações do governo, para o qual a sociedade bechuana não estava ainda preparada para esta mudança legal.
Leburu ressaltou que "uma nação democrática é aquela que pratica a tolerância, a diversidade e uma mentalidade aberta", e reiterou que "a inclusão social é capital para acabar com a pobreza e conseguir uma prosperidade compartilhada".
"O Estado não pode atuar como um policial nas camas das pessoas, e a criminalização do sexo homossexual não faz parte do interesse comum", concluiu.
Botsuana se uniu assim ao grupo de 21 nações no continente africano, como Ruanda, Costa do Marfim e Seychelles, que não criminalizam as relações entre pessoas do mesmo sexo, seja porque foram despenalizadas ou por conta de um vazio legal.
Por outro lado, no último dia 24 de maio, o Tribunal Superior de Nairóbi declarou constitucionais os artigos do Código Penal do Quênia que criminalizam as relações homossexuais. EFE
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