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Vice-secretária-geral da ONU rejeita abordagem do papa sobre feminismo

Amina Mohammed - Getty Images
Amina Mohammed Imagem: Getty Images

da EFE, em Madri

26/02/2019 15h27

A vice-secretária-geral da ONU, Amina Mohammed, rejeitou nesta terça-feira a visão de feminismo refletida recentemente pelo papa Francisco e lembrou que a sociedade atual já superou os papéis tradicionais de homens e mulheres.

Mohammed está na Espanha para impulsionar a agenda de desenvolvimento das Nações Unidas e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentado (ODS) e se encarrega de questões relacionadas com as mulheres e os jovens, entre outros.

"É seu ponto de vista. Acredito que todos temos que ser tolerantes e respeitosos com os pontos de vista dos outros, mas não se pode estabelecer a mesma equação. A moeda tem dois lados, há um homem e há uma mulher, e todos devem ter igualdade de acesso a desempenhar seu papel na sociedade", afirmou Mohammed.

O "número dois" da ONU respondia a perguntas da imprensa sobre uma recente opinião do papa Francisco sobre as funções da mulher na Igreja Católica e a intervenção hoje na cúpula sobre pedofilia da especialista em Direito Canônico, Linda Ghisoni.

O pontífice afirmou que "convidar uma mulher a falar não é entrar na modalidade de um feminismo eclesiástico, porque afinal de contas todo feminismo termina sendo um machismo com saias".

Mohammed acrescentou que a sociedade atual permitiu superar os papéis tradicionais que havia antes entre homens e mulheres.

Além disso, se referiu à promoção da mulher dentro de todas as ordens da vida atual e apontou o constante aumento da presença das mulheres na política, nas instituições, e a esse respeito indicou que "na ONU o teto de vidro para as mulheres já se rompeu", embora indicou que são os jovens os que agora têm que romper com "um teto que é de cimento".

Mohammed, especialista em desenvolvimento, em ação sobre o clima, proteção do meio natural e conservação de recursos de desenvolvimento sustentado, ressaltou a maior presença de mulheres em postos de decisão da ONU, como o que ela mesma ocupa ou que cinco comissões regionais da organização multilateral estejam dirigidas por mulheres.

Em maio de 2018, a organização multilateral anunciou que pela primeira vez na história dispunha de tantas mulheres como homens liderando suas equipes no mundo todo.

As últimas nomeações do secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, fizeram com que se cumprisse a promessa de alcançar a paridade de gênero na instituição multilateral na lista superior da organização, uma meta que já se tinha alcançado no caso dos diretores de mais categoria na sede central de Nova York.