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Morre Chicha Mariani, uma das fundadoras das Avós da Praça de Maio

"Chicha" de Mariani - Wikimedia Commons
"Chicha" de Mariani Imagem: Wikimedia Commons

Da Deutsche Welle

21/08/2018 18h30

María Isabel "Chicha" Chorobik de Mariani, uma das fundadoras da organização humanitária argentina Avós da Praça de Maio, morreu aos 94 anos sem ter conseguido encontrar sua neta, desaparecida durante a ditadura militar no país (1976-1983).

"Despedimos de uma companheira de luta", disse nesta terça-feira (21) a organização Avós da Praça de Maio em comunicado, no qual definiu "Chicha" como "uma mulher fundamental no início da busca pelos meninos e meninas sequestrados pelo terrorismo de Estado e um símbolo da luta pelos direitos humanos".

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Segundo a imprensa argentina, a idosa, que desde meados da década de 1990 presidia uma fundação com o nome de sua neta, morreu na noite desta segunda-feira após vários dias internada num hospital da cidade de La Plata devido a um acidente vascular cerebral.

A nora de Chicha, Diana Teruggi – integrante da organização guerrilheira Montoneros – e sua neta Clara Anahí, de apenas três meses, desapareceram após uma violenta operação na casa onde viviam em 24 de novembro de 1976.

Segundo testemunhas, a menina foi levada da casa com vida, e desde então Chicha não parou de procurá-la. O pai do bebê e filho de Chicha, Daniel Mariani, foi encontrado pelos repressores da ditadura e assassinado em agosto de 1977.

Por sua incansável busca por bebês e crianças que foram levados ilegalmente por militares durante a ditadura, Chica se tornou um dos símbolos da luta por direitos humanos na Argentina. Em 1977, ela fundou com outras mulheres, que também procuravam filho e netos, o grupo Avós da Praça de Maio.

Até agora, após 40 anos de intensa luta e pesquisa que inclui complexos estudos de DNA, as Avós da Praça de Maio conseguiram descobrir a identidade de 128 dos 500 bebês que foram sequestrados durante o regime.

Em 1989, Chica deixou a organização, mas não parou de procurar a neta. Ela fundou um museu na casa de onde sua neta foi levada e criou a fundação Clara Anahí.

"Me equivoquei várias vezes seguindo caminhos, mas não posso me dar permissão de morrer, tenho que encontrar minha neta", disse Chica, em 2007, durante o julgamento de Miguel Etchecolatz, que estava no comando da operação que levou Clara e sua mãe.

No comunicado, a organização Avós da Praça de Maio afirmou que continuará procurando por Clara e por todos os outros netos e netas que continuam desaparecidos.