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Diferença salarial entre gêneros não cai, diz setor financeiro

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Imagem: iStock

David Hellier

Da Bloomberg

12/03/2019 15h42

Faltando apenas algumas semanas para o fim do prazo para que as empresas britânicas divulguem suas disparidades salariais entre gêneros, mais de 77 por cento das firmas financeiras do país ainda não apresentaram seus relatórios. Entre as que apresentaram, os resultados não são muito animadores.

Em quase 100 empresas do setor financeiro, as mulheres ganham em média 28 por cento menos do que os homens. O significado disso é que houve pouca mudança em relação à diferença salarial média divulgada pelas maiores empresas do setor no ano passado, na primeira vez em que empresas com mais de 250 funcionários do Reino Unido foram obrigadas a divulgar as diferenças salariais entre gêneros.

Entre todas as empresas que apresentaram relatórios no ano passado, a diferença salarial média entre gêneros foi de cerca de 13 por cento. O setor financeiro registrou alguns dos valores mais discrepantes.

O HSBC Holdings já informou uma mediana de diferença salarial de 61 por cento, superior à discrepância de 59 por cento informada no ano passado, a mais alta do setor. A diferença reflete, em grande parte, a distribuição desigual da força de trabalho do banco por gênero: as mulheres representam 70 por cento do quartil de trabalhadores com menor remuneração, mas apenas 33 por cento do quartil dos mais bem pagos.

O banco afirma que está trabalhando para melhorar o equilíbrio de gênero em todos os níveis, reforçando a preparação de mulheres líderes e respaldando as famílias por meio de padrões de trabalho flexíveis. "A melhora do nosso equilíbrio de gênero levará tempo e exigirá um foco sustentado a longo prazo", concluiu o HSBC em seu relatório sobre salários por gênero, publicado no website da instituição.

No geral, as diferenças em relação às divulgações do ano passado foram mínimas.

"Vamos seguir em frente e com mais velocidade", disse a ex-CEO da Virgin Money, Jayne-Anne Gadhia. Atualmente ela lidera uma força-tarefa do governo focada na representação feminina em cargos de alto escalão no setor de serviços financeiros, um dos principais fatores citados por muitas empresas ao divulgar grandes diferenças salariais. "As empresas ainda não estão dando a isso a prioridade que devem dar."

O Hermes Investment Management, o grupo de gestão de fundos que prometeu votar contra os presidentes de conselhos que não tentarem resolver o desequilíbrio entre gêneros nos altos escalões, divulgou uma diferença salarial de 27 por cento.

Sob um futuro governo do Partido Trabalhista, a vida pode ser muito mais difícil para as empresas que não apresentarem os dados no prazo ou cuja diferença salarial estiver aumentando. "Precisamos fazer com que seja obrigatório que as grandes empresas realizem auditorias juntamente com planos de ação", disse Dawn Butler, secretária de Estado "sombra" para Mulheres e Igualdade, na sexta-feira, no Twitter.

"Empresas com boas práticas em relação a gênero devem receber certificação do governo e aquelas que não tomam medidas devem ser multadas", sugeriu. "Este é o único caminho para eliminar a disparidade salarial."

A colega dela Rachel Reeves, presidente da Comissão Especial de Estratégia Comercial, Energética e Industrial, disse que o setor precisa se corrigir: "Contratem mais mulheres para cargos executivos."

A disparidade salarial entre gêneros é mais alta em setores com poucas mulheres na liderança, disse. "Está claro que o setor financeiro é parte culpada no que diz respeito à não contratação de mulheres para cargos do alto escalão."