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Executiva processa um dos maiores bancos da Europa e se diz discriminada

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Imagem: iStock

Kaye Wiggins

04/12/2018 16h26

Uma executiva do BNP Paribas que descreveu a si mesma como uma "mulher franca" está processando a filial do banco em Londres, alegando que enfrentou discriminação de gênero e por sua condição de saúde.

Angelina Georgievska, líder do grupo de derivativos corporativos do banco para Europa Central, Leste Europeu, Oriente Médio e África, disse em seu depoimento, no início de uma audiência de nove dias, na segunda-feira, que a "cultura de presenteísmo" a havia colocado em desvantagem. Ela também acredita ter recebido "tratamento menos favorável por não ficar calada -- eu era uma mulher franca", que reclamava do salário.

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Os funcionários eram incentivados a permanecer longas horas em suas mesas, dar conta de calendários de viagem exigentes e estar disponíveis 24 horas por dia, disse. O esquema de trabalho era difícil para ela, que sofria de tumores uterinos que podiam causar "dor extrema" e deixá-la acamada.

"Minha deficiência é bastante relacionada ao gênero", disse no depoimento, na segunda-feira. Ela disse que está de licença médica por doença de longa duração desde março de 2017 e que continua doente.

Georgievska tem "sofrido tratamento discriminatório desde 2014", disse ela no depoimento. Um colega perguntou sobre sua saúde, segundo ela, de forma "inapropriada" e "insensível".

Uma porta-voz do BNP, que tem sede em Paris, disse que o banco "investigou a fundo" as alegações de Georgievska e "tem certeza de que as acusações de discriminação e tratamento injusto são infundadas". Os advogados de Georgievska preferiram não fazer comentários em meio aos depoimentos dela.

Em processos trabalhistas no Reino Unido, a indenização é limitada a cerca de 84.000 libras (US$ 107.000), a menos que o trabalhador consiga provar que sofreu discriminação ou que foi demitido por denunciar ações inapropriadas. Quando confrontados com uma audiência em tribunal, os bancos acusados de discriminação por gênero muitas vezes preferem fechar acordo a discutir o assunto em público.

Outra funcionária do BNP Paribas, Stacey Macken, está processando o banco em Londres por discriminação de gênero em outro processo que teve uma audiência preliminar no mês passado.

Salário equivalente

Georgievska disse em depoimento como testemunha que foi relegada no tocante a promoções, que retiraram responsabilidades dela e que recebeu menos que alguns colegas do sexo masculino. No documento, ela disse acreditar que o bônus que recebeu em 2014, inferior aos bônus pagos a alguns colegas, foi discriminatório.

Georgievska disse ao tribunal na segunda-feira que, ao reclamar da remuneração, ela "não pedia nada de outro mundo", apenas queria receber o mesmo que seus pares.

O juiz David Pearl emitiu uma ordem que impede a imprensa de informar quanto ela e outros quatro colegas receberam em salário e bônus depois que o advogado do banco afirmou que as informações sobre a remuneração dos colegas dela deveriam ser privadas.

Georgievska, que entrou no banco como estagiária de pós-graduação em 2004, disse que começou a cumprir esquemas de trabalho flexíveis por sua condição em meados de 2013.

"Devido à minha deficiência, eu precisava de ajustes razoáveis, como trabalhar de casa quando adequado e organizar viagens de negócios levando em consideração minha doença", disse em depoimento. "Por essa razão, eu era vista de forma negativa por meus gerentes."