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Apps informam se seu batom é "sujo como o de uma Kardashian"

Kendall Jenner - Jared Siskin/Getty Images for Longchamp
Kendall Jenner Imagem: Jared Siskin/Getty Images for Longchamp

Marie Mawad e Robert Williams

Da Bloomberg

19/10/2018 13h15

A supermodelo Kendall Jenner, meia-irmã do clã Kardashian, fez propaganda do tom de batom Drop Dead Red da Estée Lauder.

Seguidores de Jenner, prestem atenção: o batom tem ingredientes que, de acordo com o app de saúde e beleza Think Dirty, podem ser prejudiciais.

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O Think Dirty examina o rótulo dos cosméticos e dá nota 7 ao batom – três pontos abaixo do pior grau em uma escala de 1 a 10. O suposto culpado é o polietileno, um polímero comumente usado em cosméticos que, segundo o Think Dirty, pode causar alergias em algumas pessoas. (A Estée Lauder afirma que o polietileno não é um alérgeno conhecido).

Nos shoppings de todo o mundo, consumidores empenhados em descobrir o que colocam no próprio corpo estão examinando tudo, do batom ao creme para a pele.

O Think Dirty, do Canadá, o EWG Healthy Living, dos EUA, e o Yuka, da França, estão entre dezenas de aplicativos que se concentram em ingredientes supostamente inseguros contidos nos cosméticos. "Não nos importamos com o visual nem com o nome da marca", diz Lily Tse, fundadora do Think Dirty, que tem sede em Toronto.

"Só nos preocupamos com a lista de ingredientes." A página inicial do site da empresa apresentava a pergunta: "Seu banheiro é sujo como o de uma Kardashian?", um ataque aos produtos recomendados pelo clã da TV que adora o Instagram. (Um representante de Jenner não respondeu a um pedido de comentário.)

A indústria da beleza desaprova os aplicativos, argumentando que eles pintam um retrato distorcido e alarmista de seus produtos. Estée Lauder, Clarins Group, Procter & Gamble e L'Oréal afirmam que seus produtos foram testados, são seguros e estão em conformidade com os regulamentos.

Não faz muito tempo, os consumidores preocupados com a possível existência de ingredientes cancerígenos ou irritantes em sua rotina de beleza tinham que decorar longas listas de componentes impronunciáveis e ler com atenção os rótulos. Por causa do esforço adicional para verificar a composição da pasta de dentes ou do xampu, essa era uma busca de nicho empreendida por obsessivos; a maioria dos compradores estava disposta a confiar na fabricante do produto.

O Think Dirty e sua turma facilitaram esse processo e agora basta digitalizar uma etiqueta. Os aplicativos são gratuitos, mas as empresas afirmam que estão começando a gerar receita com seus serviços, prestando consultoria para marcas e cobrando por um selo oficial de aprovação concedido às marcas que estão em conformidade com seus padrões.

"Antes dos aplicativos não existia um jeito simples de verificar os ingredientes", diz Julie Raphanel, uma francesa de 30 anos que começou a fabricar seus próprios produtos de beleza em casa depois que passou a se preocupar mais com certos ingredientes que continuavam sendo usados comumente por marcas naturais. "Não consegui encontrar produtos totalmente limpos, nem mesmo de marcas orgânicas".

As grandes empresas do setor de beleza afirmam que a realidade é muito mais complexa do que o que supõem os aplicativos. Por exemplo, alguns ingredientes são perigosos se forem ingeridos, mas não se ficarem fora do corpo. Outros são inofensivos em pequenas quantidades, mas questionáveis em doses maiores - embora seja difícil avaliar a quantidade de exposição obtida com uma rotina matinal que inclui vários produtos, como pasta de dente, gel de banho, desodorante e creme facial.

"Defendemos a transparência e apoiamos a necessidade dos consumidores de obter informações claras, confiáveis e independentes", afirmou a L'Oréal em um comunicado enviado por e-mail. "No entanto, esses aplicativos não parecem ter uma base científica: as classificações variam de um aplicativo para outro e baseiam-se essencialmente na presença de determinados ingredientes que eles consideram perigosos, mesmo que o setor esteja sujeito aos regulamentos mais estritos do mundo".