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Parlamento britânico pede fim da desigualdade salarial de gênero

Getty Images/sorbetto
Imagem: Getty Images/sorbetto

Alex Morales

03/08/2018 09h31

O Reino Unido precisa se empenhar mais para reduzir as disparidades salariais entre homens e mulheres, uma das maiores da Europa, segundo painel de parlamentares, em relatório que defende requisitos mais rigorosos nas declarações das empresas.

Cerca de 10.000 empregadores com mais de 250 funcionários no Reino Unido foram obrigados a informar neste ano, e pela primeira vez, a diferença no salário médio por hora de homens e mulheres em suas organizações, e mais de três quartos revelaram salários maiores para os homens. Uma análise do relatório pelo Comitê de Negócios da Câmara dos Comuns do Reino Unido, publicada nesta quinta-feira, apontou que as diferenças salariais de 40 por cento "não são incomuns" e que 1.377 empresas registraram uma disparidade de mais de 30 por cento.

"A divulgação das disparidades salariais entre gêneros ajudou a revelar como os homens dominam os setores mais bem pagos da economia e os cargos mais bem remunerados de cada setor", disse a presidente do comitê, Rachel Reeves, em comunicado. "A disparidade salarial entre homens e mulheres precisa acabar, não só por interesse da justiça e para promover a diversidade no mais escalão de nossa comunidade empresarial, mas também para melhorar o desempenho econômico do país e pôr fim a uma injustiça monstruosa."

Reeves disse que as diferenças salariais de 40 por cento são "obscenas e totalmente inaceitáveis". A categoria incluiria o Goldman Sachs, cujos dados revelaram que o banco paga à equipe feminina em média 56 por cento menos que aos homens.

Nova orientação

Em comunicado divulgado na quarta-feira, o Escritório de Igualdade do Governo do Reino Unido afirmou que todas as 10.000 empresas obrigadas a apresentar dados sobre a diferença salarial entre gêneros já o fizeram. Na nova orientação, chamada "What Works" ("O que funciona"), o escritório definiu estratégias para ajudar as empresas a melhorar a carreira das mulheres e garantir que elas recebam o mesmo salário que os homens para trabalhos comparáveis.

"É espantoso que no século 21 ainda exista uma grande diferença entre a renda média de homens e mulheres", disse a ministra para Mulheres e Igualdade, Penny Mordaunt. "Precisamos tomar medidas para garantir que as empresas saibam como podem usar seus melhores profissionais e fazer com que as diferenças salariais fiquem no passado."

No relatório, o Comitê de Negócios cobrou do governo a ampliação do escopo da divulgação das diferenças salariais e também sua cobertura. A seguir, algumas das recomendações:

- Esclarecimento das orientações existentes para eliminar áreas de ambiguidade;

- Os empregadores devem acompanhar a divulgação da diferença salarial com um plano de ação que explique como pretendem reduzi-la, incluindo metas específicas;

- O governo deveria publicar a lista das empresas obrigadas a divulgar as disparidades salariais entre homens e mulheres;

- Medidas legais devem ser usadas como ferramenta para impor a divulgação da diferença salarial;

- Devem ser publicados números da diferença salarial tanto dos funcionários de tempo integral quanto dos que trabalham meio período;

- Limite para divulgação obrigatória deve ser reduzido de 250 funcionários para 50.