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Mulheres questionam imagem 'pró-funcionário' da Microsoft

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Imagem: iStock

Margaret Cronin Fisk e Dina Bass

11/06/2018 14h00

A Microsoft se considera líder por suas políticas de promoção da igualdade de gênero e equilíbrio entre vida e trabalho.

Mas apesar do progresso feito com as iniciativas de salários igualitários e abertura a famílias, a gigante da tecnologia enfrenta uma ação judicial de engenheiras e especialistas em tecnologia da informação que afirmam terem sido tratadas durante anos como cidadãs de segunda classe.

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Essas mulheres alegam que receberam salários menores que os dos homens, que a empresa dificultou os avanços de suas carreiras e as congelou após licenças-maternidade. Apesar de a Microsoft negar qualquer discriminação, as mulheres afirmam que os efeitos dessas práticas sistêmicas continuam.

Um juiz federal em Seattle, nos EUA, ouve nesta segunda-feira os argumentos para que as mulheres possam se reunir em um grupo de mais de 8.630 especialistas técnicas de alto nível para tentar a ação judicial por preconceito. O status de ação coletiva é considerado crucial para o sucesso do processo, porque permite que as mulheres acumulem recursos e dá influência para que forcem um acordo.

A Microsoft fez "progressos significativos" nos últimos anos para garantir um ambiente de trabalho diversificado e inclusivo, informou a empresa em comunicado enviado por e-mail. "Mas inclusive quando trabalhamos nessas questões de forma mais ampla, fica claro que não discriminamos em salários e promoções."

Walmart

O que pesará muito sobre o argumento em favor da ação de classe é a decisão de 2011 da Suprema Corte dos EUA em um caso de preconceito de gênero contra o Walmart. O tribunal afirmou que os queixosos não conseguiram demonstrar que suas experiências eram suficientemente similares ou que a empresa tinha uma política corporativa que levava à discriminação de gênero em milhares de lojas Walmart e Sam's Club espalhadas pelos EUA.

Como quase todos os réus que enfrentam uma certificação de ação de classe, a Microsoft cita a decisão do Walmart como motivo para negar a solicitação.

"As ações de classe simplesmente não são feitas de reclamações como as dessas querelantes", disseram os advogados da Microsoft em documentos judiciais, criticando a "amplitude extraordinária" da classe proposta. As querelantes não podem demonstrar uma discriminação intencional ou qualquer política da empresa que possa atender os requisitos comuns de uma ação de classe, argumentaram os advogados da Microsoft.

Engenheiras, TI

Os advogados das mulheres argumentam que o processo não é como a classe nacional amplamente definida com qual o Walmart foi processado, que incluía mais de 1,5 milhão de mulheres. No caso da Microsoft, a classe abrange apenas dois tipos de funcionárias, engenheiras e especialistas em tecnologia da informação, em um número limitado de níveis de responsabilidade.

A empresa usa um "processo de calibração uniforme" para determinar perspectivas de salário, desempenho e promoção "que desfavorece as mulheres a um nível estatisticamente significativo e que um grupo central de gerentes seniores supervisiona e aprova", disseram as mulheres em documentos judiciais. Durante anos, a empresa usou um processo de classificação que "subvalorizou sistematicamente" as mulheres, afirmam elas.

Os advogados das funcionárias citam decisões recentes envolvendo o Goldman Sachs e o Merrill Lynch, que permitiram a certificação de ações de classe mais restritas e concentradas.

O juiz distrital dos EUA James L. Robart não deverá decidir na audiência.

Repórteres da matéria original: Margaret Cronin Fisk em Detroit, mcfisk@bloomberg.net;Dina Bass em Seattle, dbass2@bloomberg.net