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Saudita refugiada no Canadá quer trabalhar pela liberação das mulheres

A saudita Rahaf Mohammed al-Qunun desembarcou no Canadá após conseguir asilo  - CARLOS OSORIO/ REUTERS
A saudita Rahaf Mohammed al-Qunun desembarcou no Canadá após conseguir asilo Imagem: CARLOS OSORIO/ REUTERS

da AFP, em Toronto

16/01/2019 09h44

A jovem saudita Rahaf Mohammed Al Qunun, que se refugiou no Canadá depois de fugir de sua família e de seu país, declarou nesta terça-feira (15), em aparição pública em Toronto, que deseja se dedicar à luta pela liberação das mulheres em todo o mundo.

"Hoje e nos próximos anos, vou trabalhar em apoio à liberação das mulheres do mundo. Pela mesma liberdade que senti ao chegar ao Canadá", afirmou em um breve texto, lido em frente à bandeira canadense na sede da ONG que se encarregou dela.

Rahaf Mohammed, que quer suprimir o sobrenome Al Qunun porque diz que sua família a rejeitou, falou em árabe com desenvoltura e exibindo um sorriso. Suas declarações foram traduzidas ao inglês por uma intérprete.

A saudita de 18 anos explicou na segunda-feira, em entrevista à TV canadense, que fugiu para a Tailândia quando estava de férias com os pais no Kuwait para escapar da condição de "escrava" e da violência física à qual eram submetidas sua mãe e seu irmão.

"Minha família não me tratou respeitosamente e não me permitiu ser eu mesma, nem quem eu queria ser. Na Arábia Saudita, é o mesmo para todas as mulheres, salvo para as que têm pais compreensivos", declarou nesta terça-feira.

- "Tomar minhas próprias decisões" -"Sou uma das afortunadas", afirmou, denunciando a falta de liberdade das mulheres na Arábia Saudita. "Não são independentes e precisam para tudo da aprovação de seu guardião" (pai, marido ou outro).

"Sei que há mulheres que desaparecem depois de ter fugido e que não puderam fazer nada para mudar sua realidade", acrescentou.

"Quero ser independente, tomar minhas próprias decisões e decidir eu mesma se um dia me caso e com quem", acrescentou, indicando que quer aprender inglês e começar a viver "uma vida normal, como qualquer moça jovem do Canadá".

"Vamos fazer o possível para que seja assim", declarou à imprensa Mario Calla, presidente da ONG Costi, precisando que haviam sido contratados seguranças para proteger Rahaf Mohamed, que diz ter recebido ameaças pelas redes sociais.

"Sofreu ameaças, renunciou ao Islã, à sua família. Isso a assusta. Experimenta todo tipo de emoções", acrescentou, qualificando a jovem de uma "guerreira".

"Tenho a impressão de renascer", disse Rahaf Mohamed na primeira entrevista, concedida na noite de segunda-feira na CBC. "Sobretudo ao sentir todo esse amor e esta acolhida".

"Digam aos canadenses que os amo", acrescentou.

Trancada durante vários dias em um quarto de hotel de Bangcoc e armada apenas com seu celular, Rahaf Mohammed provocou uma mobilização internacional no Twitter, ao denunciar as pressões psicológicas e físicas que sua família lhe infligia, segundo ela. O Canadá concedeu-lhe asilo e desde o sábado a jovem inicia uma nova vida em Toronto.