Ela quebra regras e ondas

Diretora de Peugeot e Citroën, Ana Theresa Borsari, única mulher no posto, acha no surf saídas para problemas

Dinalva Fernandes Colaboração para Universa
Carine Wallauer/Universa

A advogada Ana Theresa Borsari foi a única mulher a exercer o cargo de presidente da marca francesa Peugeot. Ocupou o posto na própria França e também na Eslovênia. Hoje, aos 46 anos, a paulistana é a diretora-geral no Brasil de Peugeot, Citroën e DS. No cargo há três anos, Ana Theresa quebrou paradigmas novamente: é a primeira mulher a assumir essa cadeira. 

Trabalhar em um setor dominado por homens nunca a assustou: "Só serve para alimentar a minha vontade de mostrar que sou melhor que todos os homens que já passaram por ali".

E tem mais ousadia: é em cima de uma prancha, que a executiva encontra as melhores soluções para os problemas do trabalho. "O surf nunca é igual. Você cai no mar e ele não é o mesmo. Sou desafiada a me adaptar a cada situação. É lá, no mar, que encontro saídas".

Quais foram os seus principais feitos como chefe?
A credibilidade da minha história inspira as pessoas. Quebrei todas as barreiras, não só na empresa, mas no setor automobilístico. Sou a primeira mulher a comandar uma operação da marca no Brasil e a única a exercer cargo de presidente da companhia no mundo todo.

Minha carreira na empresa começou em 1995. Passei por vários postos de direção, por exemplo, nos setores de Atendimento ao Consumidor, CRM, Desenvolvimento de Redes e Marketing. A partir dessa experiência, parti para a carreira internacional. Fui responsável pela coordenação comercial da Peugeot no sul da Europa, diretora-geral na Eslovênia e dirigi a empresa na França, onde morei por sete anos. Voltei para o Brasil em 2015 e, desde então, sou a diretora-geral da empresa aqui. 

Quais erros cometeu como chefe? E o que aprendeu com eles?
No início da carreira eu queria tudo exatamente do meu jeito e levava isso a ferro e fogo. Eu era muito ingênua emocionalmente. No geral, esse comportamento impede o desenvolvimento das pessoas; o que, na frente, limita o sucesso da empresa.

Quando aprendi a lidar com heterogeneidade e entendi que não é do meu jeito, mas do melhor jeito, os resultados ficaram ainda melhores.

Divulgação/Claus Lehmann

Na sua área, quais as vantagens que uma chefe mulher leva?
A grande vantagem de uma mulher no setor automotivo é um olhar diferente, porque somos poucas. Os homens estão ali trabalhando de uma mesma forma faz muito tempo, e nós somos mais detalhistas, intuitivas, sensíveis; o que faz com que encontremos outros caminhos.

Outra vantagem: em uma discussão antagônica, dois homens disputam poder para saber quem é o mais macho. Uma mulher enxerga a coisa de forma mais objetiva, porque não está nesta disputa.

Com quem uma chefe mulher normalmente pode contar dentro da empresa?
Trafeguei em um mundo eminentemente masculino, e a verdade é que não senti mais ou menos apoio quando havia uma mulher ao meu lado. 

Na sua experiência, mostrar fraquezas ajuda ou atrapalha?
Atrapalha. O mundo corporativo requer autoconfiança. Você precisa estar segura na mensagem que passa para ter adesão ao seu propósito.

Divulgação/Claus Lehmann

Qual a sua estratégia cuidar bem dos filhos, curtir o marido e manter hobbies?
Tenho dois filhos, de 11 e 13 anos. Minha estratégia é criá-los mais soltos para que sejam independentes. Quando fui expatriada, meu marido enfrentou a maior dificuldade. Eu tinha o meu desafio de trabalho, mas ele teve que deixar de lado a vida profissional, me acompanhar e cuidar de dois filhos pequenos lá fora.

Só cheguei até aqui porque meu companheiro embarcou na aventura. 

Você já enfrentou preconceito por ser mulher?
Dessa certa forma, sim. Ser mulher num setor essencialmente masculino causa estranheza em algumas situações. Mas isso só serve para alimentar a minha vontade de mostrar que sou melhor do que todos os homens que já passaram por ali.

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